Depois de dias maravilhosos a explorar os recantos mais belos do nosso país, regressei a Luanda como muitos viajantes: furiosa e com o corpo em mau estado. A beleza natural continua lá, intacta, majestosa, como se nos chamasse para contemplá-la. Mas o caminho até ela… é um verdadeiro castigo. Os acessos são maus — não só maus, são violentos. As estradas estão em obras, e isso até nos dá esperança: “Logo que terminem, o sofrimento acaba.” Mas essa esperança é breve. Logo nos dizem que as obras já duram há anos, e não há previsão de término. Como é possível que se deixe camionistas, turistas e cidadãos comuns sofrerem assim, por tanto tempo? Estradas que foram arranjadas degradam-se rapidamente. E os desvios, esses deveriam ser minimamente transitáveis. Não faz sentido desviar o trânsito por caminhos que mais parecem trilhas de guerra. Primeiro prepara-se o desvio, depois escoa-se o trânsito. É o mínimo. O percurso entre Catete e Ndalatando, por exemplo, continua inimaginável—. Tentamos compreender, com boa vontade, o que não está a funcionar. Mas essa compreensão, por vezes, é o que nos leva a aceitar o inaceitável. E aceitar o inaceitável é protelar o desenvolvimento. Esse caminho enfurece quem o percorre. Quem transporta mantimentos, quem visita familiares, quem simplesmente quer conhecer o país. Nem consigo imaginar a quantidade de obscenidades proferidas durante aquele trajecto. Eu fiquei zangada. Não que isso importe a alguém, mas foi a minha forma de suportar a viagem. Um grito interno, para aliviar tensões. E sempre que penso nisso… volto a ficar zangada.
ESTOU ZANGADA

Escrito por figurasnegocios


Deixe um comentário